"A Reserva Biológica do Tinguá é uma importante fornecedora de água potável para o Rio de Janeiro e Baixada Fluminense. Como bacia hidrográfica auxiliar do Rio Guandu, 60% de seus recursos hídricos são canalizados para o Rio de Janeiro desde a época do Império, quando o braço escravo realizou as obras de bombeamento das nascentes do Rio Tinguá para a Corte, que sofria uma grande seca à época provocada pelo desmatamento da Floresta da Tijuca. Sob a supervisão do engenheiro Paulo de Frontin (que prometeu ao Imperador D. Pedro II que a água jorraria nas torneiras cariocas em 7 dias), o empreendimento cumpre até hoje uma função social das mais importantes para o Rio e para a Baixada. Em razão desse rico manancial de água e de sua biodiversidade de flora e fauna (foi em Tinguá que ocorreu em 1965 a descoberta do “sapo-pulga”, o menor anfíbio do mundo), a região foi classificada pela UNESCO (órgão das Nações Unidas) como Patrimônio Natural da Humanidade, na categoria de “Reserva da Biosfera”. Em razão disso, porquê transformá-la em “parque turístico”, o qual pode significar uma ameaça concreta de destruição desses recursos naturais?
Isso sem falar no risco de incêndio e poluição de suas matas, representado pela existência de linhas de oleoduto e gasoduto da Petrobras que atravessam o subsolo da floresta. A empresa, por sinal, nunca acenou com qualquer tipo de ajuda financeira ou contrapartida para a preservação da região, apesar de fazer uso de seu território no transporte de óleo e gás. O mesmo se dá com FURNAS Centrais Elétricas, que possui torres de transmissão de energia instaladas na Reserva Biológica do Tinguá, sem nunca ter feito qualquer ação no sentido da ajuda à manutenção daquela importante biota de Mata Atlântica.
Por todos esses motivos, não queremos o “parque” em Tinguá. Ele restringirá o acesso à floresta apenas àqueles que puderem pagar para entrar visando contemplar sua exuberância cênica. Como Reserva Biológica, o Tinguá tem acesso gratuito para a população, bastando para isso um pedido formal de visita, encaminhado à direção da unidade. Pesquisadores científicos também realizam importantes estudos na região, que também pode ser freqüentada por grupos de estudantes e professores, buscando a promoção da Educação Ambiental"
