Nos últimos anos, ao lado do meu amigo e poeta Jorge Cardozo, tenho conversado sobre a necessidade da publicação de uma antologia (ou série antológica) de poetas de Nova Iguaçu, terra cujo privilégio e pluralidade de nomes neste seguimento da literatura, sejam eles militantes ativos os simpatizantes, é ricamente invejável. Diríamos que aqui, o movimento poético, que tem nos municípios do entorno da cidade mãe da Baixada uma igualmente militância ativa, realçar que aqui é o epicentro - e que me perdoem as demais cidades - dos borbulhos que emergem deste efervescente caldeirão poético.
A definição para a execução de políticas públicas voltadas para a produção literária de uma terra não pode passar à distância do poder público, como acontece nos últimos anos, sujeito à boa vontade de um gestor ou outro para investir nesta área. Não interpretem isso como crítica, e se assim se faz parecer, espero a compreensão de que neste texto o objetivo maior é construir um legado literário, contínuo e permanente, sereno e perenemente acatado dentro das observâncias de uma lei.
Esta antologia não seria uma novidade, afinal outras foram organizadas, mas como sempre, esses projetos, por falta de políticas públicas de continuidade, claras e bem definidas ,dentro de um comprometimento à luz de uma legislação municipal, faz com que fomentos e publicações que se assemelham a este intuito não logrem êxito dentro de uma política continuada e cresça à medida do passar dos anos.
Não tenho por objetivo, nestas breves palavras, acentuar comentários sobre qualquer gestão que seja. Falo do futuro. Uma elaboração conjunta especificamente voltada para a literatura iguaçuana de devidamente reconhecida por lei e possa instituir e ancorar-se dentro do calendário cultural iguaçuano e, a cada ano e a cada edição, solidificar e materializar esta "alma poética iguaçuana" de forma intrínseca à promoção da literatura na cidade.
Citei o poeta Jorge Cardozo não por acaso, apesar de o reconhecer com um capital de comprometimento à arte que cresce cada vez mais que ele investe nela. Cito-o, sim, em virtude do Jorge me provocar isso em todas as nossas conversas, sejam as recentes ou passadas, embutindo o desejo inquietante de ver a sua proposta ganhar musculatura capaz de mover muitos corpos e coçar as mentes, quem sabe provocando e instituindo em Nova Iguaçu um grande diferencial, isso na relação das instituições públicas que já deviriam estar quedadas a fazer e investir nesta na tamanha força poética que existe em Nova Iguaçu. Que me perdoem, mas só me faço um transmissor, neste texto, da inquietação de muitos Jorges que amam a poesia!
